domingo, 8 de maio de 2011

LADY GAGA ENTRA DENTRO DE SATANÁS COM ESSA MÚSICA! CUIDADO AOS JOVENS!!!

Lady Gaga em 'Judas' / Divulgação
RIO - Não se sabe se por excesso ou falta do espírito da Páscoa, mas, em nove dias, três artistas de renome internacional - um na música, um na fotografia e um no cinema - despertaram a ira cristã com suas produções.
Os atritos, que pipocaram nos Estados Unidos, na França e na Itália, chamaram a atenção de acadêmicos americanos que pesquisam a relação entre a religião e a arte e alimentaram uma nova polêmica nessa área: há espaço para a blasfêmia na modernidade?
No último dia 15, o novo single de Lady Gaga, "Judas", tirou a maior organização católica dos Estados Unidos, a Catholic League for Religious and Civil Rights, do sério.
- Ela está usando a idolatria cristã para escorar a chatice de suas performances mundanas e sem talento - disparou Bill Donohue, presidente da entidade, cuja sede fica em Nova York.
Em "Judas", Gaga se veste de Maria Madalena e canta a suposta paixão dessa personagem bíblica pelo eterno traidor de Cristo, que dá nome à canção. Os versos do refrão, permeados por gritos perturbadores da jovem de 25 anos, põem ainda mais lenha na fogueira. "Eu sou apenas uma santa tola, oh baby! E ele é tão cruel! Mas eu ainda estou apaixonada por Judas!" - na tradução livre para o português.
" Lady Gaga está usando a idolatria cristã para escorar a chatice de suas performances mundanas e sem talento "

No dia seguinte à polêmica musical, cerca de mil jovens conclamados pelo bispo de Avignon, na França, Jean-Pierre Cattenoz, se reuniram às portas do Museu de Arte Moderna da cidade para exigir que o trabalho do americano Andres Serrano fosse retirado da exposição "Je crois aux miracles" ("Eu acredito em milagres"), aberta ao público em dezembro.
A manifestação não comoveu os diretores da instituição, que mantiveram a mostra intacta. Mas, no dia seguinte, Domingo de Ramos, por sinal, três jovens católicos voltaram ao local e, com um martelo e uma chave de fenda em punho, vandalizaram duas obras de Serrano: "Piss Christ", uma foto de 1987 em que se vê um crucifixo imerso num pote de urina e sangue, e "The Church - Soeur Jeanne Myriam", imagem de 1990 em que se admira o torso de uma freira com as mãos apoiadas sobre o colo. No episódio, três guardas se feriram.
Menos de 24 horas depois da crise na França, o jornal católico "Avvenire", que circula na Itália, publicou um pedido de boicote ao novo filme do diretor Nanni Moretti, "Habemus papam".
Cartaz do filme do italiano Nanni Moretti 'Habemus papam' / Divulgação
- Não devemos mexer com o papa, a pedra sobre a qual Jesus fundou sua Igreja - escreveu o articulista Salvatore Izzo. - E por que devemos apoiar financeiramente algo que ofende nossa religião?
Em "Habemus papam", Moretti conta a agonia de um cardeal que é alçado ao posto mais importante da Igreja e que recorre a um analista para não entrar em pânico.
O Vaticano não se pronunciou oficialmente sobre o filme, talvez para evitar o efeito bumerangue que transformou "O Código Da Vinci" e "Anjos e demônios" em sucessos mundiais de bilheteria.
Em entrevista ao GLOBO, o americano S. Brent Plate, autor do livro "Blasphemy: art that offends" ("Blasfêmia: a arte que ofende", sem previsão de lançamento no Brasil) disse que esses são apenas os exemplos mais histriônicos das blasfêmias da modernidade, algo que, para ele, acompanhará o homem para sempre.
- Se considerarmos a liberdade de expressão como um direito sagrado, então toda vez que ela for violada, seja por um lado (um artista) ou pelo outro (um religioso), haverá um novo caso de blasfêmia.
O americano Paul Marshall, pesquisador sênior sobre liberdade religiosa do Hudson Institute, em Washington D. C., pensa exatamente o oposto de Plate.
" Se considerarmos a liberdade de expressão como um direito sagrado, então toda vez que ela for violada, seja por um lado (um artista) ou pelo outro (um religioso), haverá um novo caso de blasfêmia "

- As perseguições aos blasfemos são cada vez mais raras no mundo cristão. Ataques a obras de arte que falam sobre o cristianismo são ainda mais incomuns. Este é um conceito em decadência - defendeu ele.
Mas Marshall, que em outubro lança nos Estados Unidos "Silenced: how apostasy and blasphemy codes are choking freedom worldwide" ("Silenciado: como a apostasia e os códigos blasfemos atrapalham a liberdade mundial"), mais um título no movimentado mercado editorial americano sobre a religião, não pretende minimizar o ocorrido com Gaga, Serrano e Moretti. Pelo contrário:
- Eles devem ser estudados porque podem ser encarados como uma resposta ou uma imitação do modus operandi dos fundamentalistas islâmicos - arriscou.
Em 2005, os funcionários do jornal dinamarquês "Jyllands-Posten" foram ameaçados de morte por fanáticos islâmicos depois de terem publicado 12 cartuns que satirizavam o profeta Maomé. Em 1989, o líder iraniano aiatolá Khomeini lançou uma sentença de morte contra o escritor indiano Salman Rushdie por considerar o livro "Versos satânicos" uma blasfêmia contra o Islã.

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