segunda-feira, 4 de abril de 2011

Manauaras relatam abandono nos terminais de ônibus



Larissa Balieiro - portalamazonia@redeamazonia.com.br


MANAUS – Promessa de ônibus novos e licitação do transporte coletivo concluídos. O cenário poderia ser animador para a mudança no transporte público da capital, mas os passageiros e os trabalhadores do sistema estão satisfeitos? Depois de anos de descaso, as pessoas ainda têm dúvidas e muitas preferem ver para crer. O Portal Amazônia esteve nos cinco terminais de ônibus da cidade e identificou problemas estruturais e estado de abandono nos pontos de integração de passageiros em Manaus.
T3, Cidade Nova I
No terminal 5, localizado próximo a rotatória do São José , zona Leste, a situação preocupa usuários e trabalhadores do sistema de transporte público.  Ambulantes disputam espaço com cachorros, gatos e passageiros que se aglomeram nas filas formadas logo nas primeiras horas da manhã. Outro problema encontrado é a falta de infraestrutura das vias internas e de acesso ao terminal. Apesar de ter uma área de 18.648 metros quadrados, os buracos que se abrem na pista deixam o local pequeno para a passagem dos coletivos. Quando os ônibus precisam desviar, um pequeno congestionamento se forma dentro do terminal.
Para Raimundo Gomes, 44, motorista de ônibus da linha 062 – que liga o bairro João Paulo a outros bairros da cidade -, o descaso causa desmotivação para trabalhar. “Adianta virmos trabalhar e saber que teremos estresse ao ter que desviar dos buracos que ficam fora e dentro dos terminais? Ônibus pregam com facilidade devido às péssimas estruturas”, afirmou. O terminal, inaugurado em 14 de dezembro de 2002, recebe 23 linhas de ônibus no horário de 04h às 00h. Em média, 30 mil passageiros utilizam o T5 para se deslocarem a outros pontos de Manaus.

Passageiros criticam falta de segurança
No terminal 4, localizado no bairro Jorge Teixeira, também na zona Leste, a insegurança é o que mais preocupa passageiros, motoristas e cobradores de ônibus. O terminal do bairro opera das 04 às 00h, recebe 19 linhas de ônibus e tem uma média diária de 28 mil passageiros. Segundo um motorista que pediu para não ser identificado, assaltos acontecem a qualquer hora.
“Eles não têm vergonha, roubam as pessoas na luz do dia e no outro dia estão por aqui novamente”, disse. A reportagem tentou falar com outros usuários e trabalhadores, mas eles se mostraram intimidados para concederem entrevistas.  O T4 foi inaugurado no dia 14 de dezembro de 2002, mesma data de inauguração do T5 e T3, do bairro Cidade Nova, zona Norte.
Sujeira incomoda usuários do transporte
Neste último, a principal reclamação está relacionada à falta de limpeza realizada por agentes da Prefeitura e acúmulo de lixo nas plataformas construídas para abrigar os usuários.  O industriário Edwaldo Afonso, 25, definiu o T3 como “terrível”. “É melhor que o T1 por ser grande, mas o excesso de pessoas deixa as filas desorganizadas, além de ser muito sujo”, lembrou.
Inaugurado em 14 de dezembro de 2002, o terminal tem uma área total de 12.736 metros quadrados.  Ao todo 43 linhas de ônibus e 40 mil passageiros passam pelo local diariamente. “Não temos preocupação com os buracos dentro do terminal, pois quase toda semana equipes da Prefeitura vêm tapá-los. Aqui a população reclama mesmo!”, disse um motorista que não quis se identificar.
Terminais mais antigos lideram reclamações
O terminal 1, localizado na Avenida Constantino Nery, Centro, e o terminal 2, no bairro Cachoeirinha, zona Sul, lideram na insatisfação dos manauaras. Ambos foram inaugurados em abril de 1984. A média de passageiros no T1 chega a 40 mil. No T2, o número salta para 50 mil usuários que se espalham em uma área de 2.822 metros quadrados. O T1 possui uma área de 6, 411 metros quadrados.
Para o programador Bergson Lima, 24, o terminal da Cachoeirinha é o mais abandonado da cidade. “Das inúmeras problemáticas encontradas no local, está a dos banheiros que não funcionam. Além disso, quando chove, os buracos na via alagam e os ônibus passam molhando os usuários. As filas são desorganizadas e os coletivos não param no local exato. Também acho o terminal mal localizado. Dependendo da hora e do fluxo de veículos, o congestionamento é inevitável”, destacou.
A grande quantidade de buracos também causam engarrafamento dentro do terminal. Para desviar dos buracos, ônibus invadem a pista contrária, o que assusta alguns pedestres que tentam atravessar para o outro lado das plataformas. O T2 também opera das 4h às 00h e recebe 49 linhas de ônibus diariamente.  O T1 é o terminal com mais linhas de ônibus. Ao todo são 66 itinerários diferentes.
No local, a maior parte dos questionamentos dos usuários é por conta da falta de iluminação. A ambulante Alzira Marinho, 37, também destacou a falta de segurança, principalmente aos domingos. “Até que em dias de semana os policiais fazem ronda, mas aos domingos é abandonado por aqui. A segurança só aparece aos finais de semana quando ligamos para o 190. À noite, então, é mais perigoso já que o terminal não tem iluminação”, disse.
Outro lado
De acordo com a assessoria da Secretaria Municipal de Serviços de Limpeza Pública (Semulsp), três equipes de agentes de limpeza se revezam nos períodos da manhã, tarde e noite em cada um dos cinco terminais da cidade. Eles fazem a limpeza dos banheiros, varrem as calçadas e a via de tráfego dos ônibus. Segundo a pasta, os agentes também recolhem o lixo acumulado nas áreas internas e adjacentes aos terminais de ônibus.
Quanto às reclamações de insegurança, a assessoria da Polícia Militar informou que todos os terminais contam com equipes de três policiais fixos para fazer o policiamento nos locais. A corporação afirmou “desconhecer” a situação.
Segundo a PM, a ausência de policiais acontece somente durante as rondas no entorno dos terminais. A assessoria também informou que os casos de assaltos diminuíram “significamente” nos últimos três meses, mas não soube precisar o número exato de ocorrências.
Prefeitura planeja reforma de terminais
O titular da Superintendência Municipal de Transportes Urbanos (SMTU), Marcos Cavalcante, afirmou que o descaso dos terminais de integração já é uma preocupação do órgão. “Tenho conhecimento da situação, estamos trabalhando para melhorar”, disse. Segundo ele, a SMTU já protocolou, na Secretaria Municipal de Finanças e Controle Interno (Semef), pedido para abertura de cinco licitações para melhorar a infraestrutura do transporte público em Manaus.
Na última quinta-feira (31), Cavalcante esteve com o secretário da Semef, Alfredo Paes, para solicitar verba para reforma dos terminais, prevista em edital de licitação sem orçamento estimado.  Outra licitação é para construção de 400 abrigos para passageiros de ônibus por toda a cidade. A terceira licitação é para a recuperação dos abrigos existentes. A quarta para construção de terminais de linhas de ônibus nos bairros e a quinta licitação para recuperação dos atuais.
O planejamento para lançar dois editais de reforma do T1, T2, T3, T4 e T5 e construção de novos terminais nos bairros visa suprir a demanda de mais de 800 ônibus que passarão a integrar a nova frota de transporte coletivo em junho deste ano. Já os abrigos citados pelo titular da SMTU servirão para cobertura de paradas de ônibus espalhadas em vários pontos da cidade, como ao longo da recém-construída Avenida das Torres, zona Norte de Manaus.
 

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